Reação de substituição
Reações de substituição são reações orgânicas em que um grupo específico de uma molécula-alvo é substituído pela ação de um grupo reativo, o qual pode ser um eletrófilo, um nucleófilo ou um radical. Por conta disso, as substituições são separadas em nucleofílicas, eletrofílicas ou radicalares.
Leia também: Quais são os tipos de reações orgânicas?
Resumo sobre reações de substituição
- Reações de substituição são reações orgânicas em que um grupo reativo substitui um grupo em uma molécula-alvo.
- Esse grupo reativo pode ser um nucleófilo (base de Lewis), um eletrófilo (ácido de Lewis) ou um radical.
- As substituições nucleofílicas ocorrem quando um nucleófilo substitui um grupo eletronegativo de uma molécula-alvo.
- Existem de dois tipos de reações de substituição nucleofílica, os mecanismos SN1 e SN2.
- As substituições eletrofílicas são mais comuns em cadeias aromáticas, dada grande densidade eletrônica dessas cadeias.
- As reações de substituição via radicais explicam as reações de substituição que ocorrem entre alcanos e halogênios; nesse tipo de reação, a formação de radicais propicia a substituição dos grupos na molécula-alvo.
Videoaula sobre reações de substituição
O que são reações de substituição?
As reações de substituição estão entre os tipos mais fundamentais de reações dentro da Química Orgânica. Existem três tipos de reações de substituição: as nucleofílicas, as eletrofílicas e as halogenações radicalares.
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Reação de substituição nucleofílica
Nas substituições nucleofílicas, um nucleófilo (Nu−) substitui um grupo na molécula-alvo, que será tratado como um grupo de saída. Sobre as características de cada um, vale dizer que:
- O nucleófilo é sempre uma base de Lewis (tem capacidade de doar pares de elétrons) e pode ser tanto carregado negativamente quanto neutro;
- o grupo de saída carrega consigo um par de elétrons quando é substituído da molécula e, por conta disso, é um grupo eletronegativo.
De modo geral, podemos representar uma reação de substituição nucleofílica da seguinte forma:
R−CH2−X + Nu− → R−CH2−Nu + X−
“X” é o grupo de saída.
Pelo fato de essa reação ocorrer mediante um ataque nucleofílico, essa reação é conhecida como uma substituição nucleofílica. É comum chamar a molécula-alvo da substituição de substrato, sendo que, frequentemente, o substrato é um haleto de alquila, ou seja, um derivado de hidrocarboneto que possui um halogênio. Os halogênios são bons grupos de saída, pois são átomos com alta eletronegatividade.
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Reação de substituição eletrofílica
Já as reações de substituição eletrofílica são mais comuns de ocorrerem em cadeias aromáticas, como o benzeno. Nesse caso, um eletrófilo (E+), atraído pela grande densidade eletrônica das cadeias aromáticas, faz a substituição de um grupo (em geral, hidrogênio) que está ligado ao anel.
De modo geral, podemos representar uma reação de substituição eletrofílica da seguinte forma:
Ar−H + E+ → Ar−E + H+
As cinco reações de substituição eletrofílica mais comum em cadeias aromáticas são:
- Halogenação: um halogênio (X = cloro, bromo ou iodo) substitui um grupo ligado à cadeia aromática.
- Nitração: um grupo nitro (−NO2) substitui um grupo ligado à cadeia aromática.
- Sulfonação: um grupo ácido sulfônico (−SO3H) substitui um grupo ligado à cadeia aromática.
- Alquilação de Friedel-Crafts: um grupo alquila (R) substitui um grupo ligado à cadeia aromática.
- Acilação de Friedel-Crafts: um grupo acila (RC=O) substitui um grupo ligado à cadeia aromática.
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Reação de substituição do tipo halogenação radicalar
As halogenações radicalares são reações de substituição entre um alcano e um halogênio, com respectiva formação de um haleto de alquila. A reação geral é a que se segue:
R−H + X2 → R−X + HX
Nessa reação, os halogênios (em geral, cloro e bromo) são capazes de substituir um ou mais átomos de hidrogênio de um alcano. Ela é assim chamada porque envolve a formação de espécies radicalares, que são espécies que possuem elétrons desemparelhados.
São exemplos de reações de halogenação em alcanos:
CH4 + Cl2 → CH3Cl + HCl
CH3CH3 + Br2 → CH3CH2Br + HBr
Tipos de reação de substituição
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Substituição nucleofílica
As reações de substituição nucleofílica podem ocorrer por meio de dois mecanismos, conhecidos como SN1 e SN2, em que “S” significa substituição, “N” significa nucleofílica e os números “1” e “2” fazem referência aos termos unimolecular e bimolecular, respectivamente, por conta do número de moléculas envolvidas no estado de transição da reação da etapa determinante para a velocidade da reação química.
Nas reações do tipo SN1, a substituição ocorre em diversas etapas, e o nucleófilo é o próprio solvente da reação. Eis um exemplo:
- 1ª etapa: é a etapa mais lenta do processo, sendo altamente endotérmica e necessitando da quebra heterolítica da ligação carbono-halogênio (no caso do exemplo, cloro). Apesar de não ser demonstrado, os íons estão sendo solvatados e estabilizados pela água, um solvente polar.
- 2ª etapa: a água atua como base de Lewis frente ao carbocátion (ácido de Lewis), restabelecendo o octeto do carbono. Há a formação de um íon oxônio (um íon em que o oxigênio está positivo e com três ligações).
- 3ª etapa: por fim, outra molécula de água agora atua como base de Bronsted, aceitando um próton proveniente do íon oxônio e com a formação de um álcool e, assim, concluindo a substituição.
Já a reação SN2 ocorre em uma única etapa, sem a formação de intermediários. É uma reação sincronizada em que a formação e a quebra da ligação ocorrem de forma simultânea, em um único estado de transição, conforme é possível ver no exemplo a seguir.
HO− + CH3Cl → CH3OH + Cl−
Desse processo, podemos citar algumas coisas:
- O íon hidróxido atua como nucleófilo e o carbono está com carga parcial positiva, uma vez que o cloro é mais eletronegativo.
- O estado de transição é formado por meio de uma nova ligação entre oxigênio e carbono, com a ligação entre carbono e cloro quase se desfazendo. Nesse momento, a configuração do carbono começa a se inverter.
- Por fim, a ligação oxigênio-carbono é formada com a expulsão do íon cloreto. A inversão da configuração espacial do carbono se conclui.
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Substituição eletrofílica aromática
Para simplificarmos o processo de demonstração dessas reações, utilizaremos o benzeno como cadeia aromática. O grupo a ser substituído será sempre o hidrogênio (H).
De modo geral, o mecanismo de uma reação de substituição eletrofílica aromática é o que se segue:
É importante salientar alguns pontos:
- O eletrófilo é adicionado ao anel aromático, com a consequente formação de um intermediário carbocátion (entre colchetes). Essa é uma etapa lenta do processo reacional, com alta energia de ionização e altamente endotérmica. Isso se deve ao fato de o carbocátion não apresentar aromaticidade, um efeito altamente estabilizante.
- A estrutura do carbocátion formado é um conjunto de três estruturas de ressonância, conforme a imagem demonstra.
- Uma base (:B) presente na mistura reacional consegue remover o hidrogênio do intermediário carbocátion, com o restabelecimento da aromaticidade do anel.
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Halogenações radicalares
Os radicais são espécies que possum um elétron desemparelhado. Eles são formados via cisão homolítica da ligação covalente. Eis a cisão homolítica do cloro, formando dois radicais cloro.
Os radicais de cloro (ou bromo) podem atacar alcanos, com a formação de radicais alquil, conforme demonstra a reação a seguir.
Os radicais metil podem atacar outros Cl2 (ou Br2) que estejam no meio, formando CH3Cl e mais radicais cloro. A reação termina quando os radicais se unem consigo mesmos, podendo formar, novamente, Cl2 ou também CH3Cl e CH3CH3.
É percebido que radicais de carbono terciário são mais estáveis que radicais de carbono secundário, que, por sequência, são mais estáveis que radicais de carbono primário. Isso ocorre porque o grupo alquila ligado ao carbono atua de modo a estabilizar o carbono com elétron desemparelhado:
Por isso que, quando temos halogenações radicalares em alcanos com três ou mais carbonos (onde há diferenciação no tipo de carbono), vemos rendimentos diferentes para os produtos de substituição:
No exemplo, anterior temos a bromação do propano. O produto 2-bromopropano possui maior rendimento que o produto 1-bromopropano, pelo simples fato de o 2-bromopropano ser formado a partir de um radical secundário, mais estável que um radical primário.
Leia também: Reações de adição — exemplos e mecanismos
Exercícios resolvidos sobre reações de substituição
Questão 1
(UPE 3ª Fase 2º dia/2022) Observe a equação química a seguir:
O processo representado é, incluindo uma etapa posterior de tratamento aquoso, usual para a obtenção de cetonas aromáticas.
Assinale a alternativa que apresenta a classificação CORRETA da reação.
- Adição, chamada de alquilação de Friedel-Crafts.
- Adição, chamada de reação de Diels-Alder.
- Substituição, chamada de acilação de Friedel-Crafts.
- Eliminação, chamada de acilação de Friedel-Crafts
- Substituição, chamada de reação de Diels-Alder.
Resposta: Letra C.
Percebe-se que se trata de uma substituição em um anel aromático (benzeno) por meio de um cloreto de etanoíla, com a substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo etanoíla, que é um radical acila, com a respectiva formação de uma cetona aromática.
Questão 2
(Enem 2018) A hidroxilamina (NH2OH) é extremamente reativa em reações de substituição nucleofílica, justificando sua utilização em diversos processos. A reação de substituição nucleofílica entre o anidrido acético e a hidroxilamina está representada.
O produto A é favorecido em relação ao B, por um fator de 105. Em um estudo de possível substituição do uso de hidroxilamina, foram testadas as moléculas numeradas de 1 a 5.
Dentre as moléculas testadas, qual delas apresentou menor reatividade?
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
Resposta: Letra D.
Sendo uma substituição nucleofílica, quanto mais fraco for o nucleófilo, menos reativa será a reação. A presença de grupos alquila ligados ao nitrogênio e ao oxigênio diminuem sua nucleofilicidade, pois seu maior volume em relação aos átomos de hidrogênio dificultam a ligação com o eletrófilo (átomo de carbono).
Fontes:
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B.; SNYDER, S. A. Química Orgânica: volumes 1 e 2. 12. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
BRUICE, P. Y. Organic Chemistry. 8. ed. Upper Saddle River, Nova Jersey: Pearson Education Inc., 2015.